Phygital: Como esse conceito está mudando sua experiência de consumo

Sabemos que o mundo está em constante evolução e que a cada dia novas tecnologias e conceitos surgem e o viram de cabeça para baixo. Com o phygital não é diferente. Em poucas palavras, phygital nada mais é do que a ideia de unir o mundo físico ao digital, através da oferta de serviços, produtos e experiências, levando para os consumidores uma experiência híbrida de consumo.

À primeira vista, parece que esse conceito surge de ideias opostas e excludentes. Contudo, diante da complexidade das tecnologias que estão surgindo, vê-se que esta integração entre o físico e digital não é somente necessária, mas sim, cada vez mais essencial para acompanhar as mudanças nos hábitos de consumo e comportamento dos consumidores. 

Já há diversos exemplos que demonstram que o phygital está presente há um bom tempo em nossas rotinas. Quem não se lembra do sucesso do jogo Pokémon Go lançado há 6 anos atrás? O jogo consiste basicamente em fazer o usuário capturar os pokémons espalhados pelo mundo, utilizando-se de um mapa baseado no mundo real para orientação do jogador. Quando ele chega próximo a um local onde um pokémon se encontra, ele aponta a câmera do celular e captura o monstrinho com uma pokébola. O sucesso do jogo foi tanto que a Nintendo obteve lucros recordes, que atualmente chegam a mais de 6 bilhões de dólares.

Isto é um exemplo que demonstra o que é o phygital e o potencial que ele pode atingir. Ao unir a prática de se deslocar fisicamente pela cidade e uma tecnologia digital de realidade aumentada a Nintendo conseguiu criar algo que será lembrado por gerações. E por falar em realidade aumentada, não somente ela, mas diversas outras tecnologias estão sendo utilizadas e aprimoradas constantemente com o intuito de popularizar ainda mais o phygital.

A internet das coisas, a inteligência artificial e o big data são alguns dos maiores aliados da realidade phygital. O primeiro diz respeito à interconexão cada vez maior entre os objetos ao nosso redor com a internet. Desse modo, a troca de dados entre dispositivos e sistemas se torna gradualmente mais integrada, compartilhando informações em nuvem e, criando assim, uma realidade onde objetos que usualmente não tinham acesso à internet tornem-se cada vez mais comuns, passando a ter funções que antes não possuíam, como smartwatches cada vez mais avançados que medem a frequência cardíaca e oxigenação do sangue, calculam seus passos e até fazem compras por aproximação, por exemplo.

Já a inteligência artificial pode ter diversas aplicações, mas a mais usual neste contexto é a de, quando aliada ao big data, analisar e padronizar dados de comportamento de seus clientes, como por exemplo, com qual frequência ele compra determinado produto, quais marcas ele prefere ou ainda, quais lojas ele mais frequenta a partir de dados de geolocalização. Desse modo, é possível estabelecer insights importantes para criar estratégias phygital de marketing e vendas com maior precisão.

Tendo isso em mente, diversas empresas estão atentas aos resultados que o phygital atrai, conquistando clientes que vêem isso como um grande diferencial. Além da já citada Nintendo, diversas outras empresas de diferentes setores possuem serviços e cases de sucesso utilizando-se de estratégias phygital. Há alguns anos a Amazon lançou o Amazon Go. Trata-se de uma rede de lojas de conveniências que não possuem caixas, evitando assim que os consumidores fiquem em longas filas de espera. Basta ele ter o aplicativo da Amazon instalado e pegar o produto que deseja da gôndola. Ao fazer isso, o app identifica que o produto foi retirado e ele é adicionado à lista de compras do cliente. Ao sair da loja, sensores captam os itens escolhidos e a conta é cobrada diretamente no cartão do comprador. Há também o exemplo das empresas BiliBili e Cygames que fizeram uma ação em conjunto para o jogo Princess Connect RE:Dive. Para incentivar as pessoas a baixarem o jogo, elas criaram um QR code gigante no céu de Xangai feito por 1.500 drones, que ao ser escaneado pelos celulares de quem o via, baixava o jogo automaticamente.

Já no âmbito da comunicação e publicidade, temos o serviço que o Mídia Banco24Horas oferece, sendo este uma plataforma de mídia digital out of home que faz parte do Banco24Horas, exibindo inserções publicitárias em telas de alta definição em mais de 2,4 mil caixas eletrônicos espalhados por todo o país nos mais diversos tipos de estabelecimentos. Ao utilizar o serviço do Banco24Horas, o consumidor passa por uma experiência phygital completa, pois une os serviços que utilizam-se deste artifício, tais como saque digital e gift card, enquanto é impactado pelas publicidades das telas do Mídia Banco24Horas, posicionadas acima dos caixas eletrônicos, influenciando suas decisões de compra momentos antes de as realizar.

Entretanto, não são somente empresas que utilizam-se do phygital. Há o exemplo do app Virtual Street Art, desenvolvido pela Dentsu Brasil para a Japan House, uma instituição voltada para a promulgação da cultura japonesa, sendo a cidade de São Paulo uma das três únicas cidades no mundo a possuir uma unidade da organização. O app tem um funcionamento parecido com o do Pokémon Go. A partir da geolocalização, o Virtual Street Art posiciona obras de arte em vários locais da Avenida Paulista e, através da realidade aumentada, as pessoas podem interagir virtualmente com cada uma delas. Há diversos artistas da cena da arte urbana que fizeram parte do projeto, tanto japoneses quanto brasileiros, tais como Jun Takahashi, Zezão, Gwaw, Adriana Komura, Marina Esmeraldo entre muitos outros.

Além destes exemplos, o phygital também pode ser usado em outros contextos  importantíssimos, como ajudar em situações emergenciais, tal qual a que passamos durante as fases mais difíceis da pandemia de Covid-19. Diversos estabelecimentos comerciais e serviços disponibilizaram alternativas para continuar operando e, ao mesmo tempo, auxiliar no combate e controle da doença. Restaurantes com cardápios digitais, cartões com pagamento por aproximação e serviços de telemedicina são apenas alguns exemplos que utilizaram-se e ainda utilizam-se do phygital para uma oferta de serviços mais segura para seus consumidores.

Como vimos, o phygital chegou para ficar e as pessoas estão cada vez mais propensas a experiências únicas e inovadoras. Diante disso, empresas, instituições culturais e até pessoas comuns que conseguirem criar soluções phygital cada vez mais eficientes que facilitem e transformem nossas atividades cotidianas, terão uma oportunidade ímpar de se destacarem das demais e fazerem parte de uma revolução que está apenas começando.